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O Papel dos Pais e os Limites na Criação dos Filhos

Ansiedade e Mau Comportamento Infantil:

Vivemos em uma era de excesso: de estímulos, de informação, de telas — e muitas vezes, de permissividade. Ao mesmo tempo, cresce o número de crianças com ansiedade e dificuldades de relacionamento. Afinal, qual a conexão entre esses fenômenos? Como os pais podem atuar de forma mais consciente e equilibrada? É sobre isso que vamos conversar hoje.

Quando o Mau Comportamento Diz Mais do que Parece

Muitas vezes, o que chamamos de “mau comportamento” em crianças é, na verdade, um sinal de algo mais profundo. Em vez de enxergá-lo apenas como birra ou rebeldia, é importante considerar o que pode estar por trás dessas atitudes.

1. Insegurança emocional:
Crianças que não se sentem emocionalmente seguras — seja por instabilidade em casa, mudanças frequentes ou ausência de afeto — podem agir de forma desafiadora. A birra, nesse contexto, pode ser um pedido de ajuda: “Você está aqui pra mim?”

2. Estresse e sobrecarga:
Assim como os adultos, as crianças também se sentem sobrecarregadas. Excesso de estímulos, cobranças escolares, conflitos familiares… Quando não conseguem expressar o que sentem com palavras, o corpo e o comportamento falam por elas.

3. Falta de limites claros:
Limites, quando bem estabelecidos, não são castigos — são formas de cuidado. Quando regras variam muito ou não existem, a criança se sente confusa, frustrada e desorganizada internamente. Isso pode resultar em desobediência e testes constantes de autoridade.

Outros fatores também influenciam:

  • O temperamento individual (crianças mais sensíveis ou impulsivas);
  • O ambiente familiar (conflituoso ou violento);
  • Condições como TDAH, ansiedade ou autismo, que podem ser confundidas com mau comportamento.

O Impacto do Uso Excessivo de Telas

O uso das telas como distração ou recompensa tornou-se comum na rotina das famílias. Mas será que esse hábito traz riscos ao desenvolvimento emocional?

1. Dificuldade com frustrações:
Quando tudo vira estímulo imediato, como vídeos e jogos, a criança não aprende a esperar, lidar com o tédio ou aceitar o “não”. Isso compromete a autorregulação emocional — uma habilidade essencial na vida adulta.

2. Redução das interações reais:
Conversas, olhares, brincadeiras em família… Tudo isso pode ser substituído pelo tempo diante das telas. E essas conexões reais são fundamentais para o desenvolvimento social e afetivo.

3. Reforço de comportamentos condicionados:
“Se comer tudo, ganha desenho.” Essa lógica ensina a criança a obedecer apenas em troca de algo, dificultando o desenvolvimento da empatia e da responsabilidade interior.

4. Menor capacidade de expressar emoções:
Com menos trocas verbais e emocionais, a criança pode ter dificuldade em nomear e expressar o que sente. Isso aumenta a chance de birras, crises de ansiedade ou isolamento.

5. Problemas de sono e agitação:
O uso de telas próximo da hora de dormir interfere no sono, gerando irritabilidade e prejudicando o descanso — o que impacta diretamente o humor e o comportamento.

O que fazer no lugar das telas?

  • Ofereça brincadeiras sensoriais e criativas
  • Proponha atividades em família, como cozinhar, desenhar ou ler juntos
  • Valide os sentimentos da criança, mesmo os difíceis
  • Crie uma rotina consistente que não dependa da tecnologia como “muleta emocional”

Rotina, Movimento e Limites: Uma Base para o Equilíbrio

Uma rotina previsível e regras claras são fundamentais para o equilíbrio emocional das crianças.

1. Rotina traz segurança emocional
Saber o que vai acontecer em seguida acalma o corpo e a mente. Quando a criança entende a ordem dos acontecimentos do dia, ela se sente mais segura e confiante.

2. Combinados claros mostram o cuidado
Diferente do autoritarismo, regras bem definidas mostram à criança os caminhos seguros. Ela aprende o que se espera dela e ganha autonomia.

3. Construir os combinados juntos fortalece o vínculo
Incluir a criança na criação das regras aumenta o senso de pertencimento e responsabilidade. Ela se sente ouvida — e isso já é meio caminho andado para a cooperação.

4. Emoções organizadas, comportamentos mais equilibrados
Com rotina e limites consistentes, a criança tem mais ferramentas internas para lidar com frustrações, birras e desafios naturais do crescimento.

Exemplo de rotina em casa:
📌 Monte um quadro visual (com desenhos ou fotos) para mostrar os momentos do dia:
Manhã: Acordar, escovar os dentes, tomar café, ir para a escola
Tarde: Almoçar, brincar, tomar banho
Noite: Jantar, ler uma história, escovar os dentes, dormir

Exemplo de combinados simples e positivos:

  • “Guardamos um brinquedo antes de pegar outro.”
  • “Usamos palavras gentis com os outros.”
  • “Depois de 30 minutos de tela, vamos brincar com outra coisa.”
  • “Pedimos com calma, sem gritar.”

Dica: Deixe os combinados visíveis e seja constante. O exemplo dos adultos é a maior referência.

Quando os Pais se Sentem Perdidos: Um Recado Importante

A jornada da parentalidade é linda, mas também cansativa. E está tudo bem se você, pai ou mãe, se sentir sobrecarregado às vezes. Aqui vão algumas palavras de acolhimento:

  1. Não existe perfeição — você não precisa saber tudo nem acertar sempre. O mais importante é estar presente e tentar.
  2. Peça ajuda — compartilhe a carga com familiares, amigos ou profissionais.
  3. Cuide de você — pais exaustos não conseguem dar o melhor. Reserve um tempo para si.
  4. Seja gentil consigo mesmo — a culpa não ajuda, mas o autocuidado, sim.
  5. Conecte-se com seu filho — mesmo nos dias difíceis, priorize momentos simples juntos.
  6. Divida responsabilidades — ninguém precisa dar conta de tudo sozinho.
  7. Tenha uma rotina flexível — ela ajuda a organizar o caos sem engessar a vida.
  8. Fale sobre suas emoções — conversar é um jeito poderoso de se aliviar e aprender.

Lembre-se: tudo passa. Os desafios de hoje são parte do crescimento. Com presença, afeto e apoio, você vai encontrar o seu caminho — e seu filho também.

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