Durante o 1º ano, o espaço ocupado pela alimentação no universo da criança é muito grande. Os alimentos não são apenas nutrientes, energia, sabores e odores, mas também fortes representações psicológicas criadas em cada indivíduo, a partir do seu relacionamento com aquilo que come, desde o nascimento. A partir do 4º mês, podem ser introduzidos papas de frutas (maçã raspada, banana amassada) ou sucos naturais. Qualquer novo alimento é uma sensação diferente para o bebê. Do 5º para o 6º mês, introduz-se a papa salgada em quantidades gradativas, no almoço. Para que as crianças aprendam a comer verduras, elas devem ser incluídas já nas papinhas.
A partir do 6º mês, respeite os horários de refeições. Desde pequena a criança já consegue captar o comportamento dos familiares e cuidadores. Nessa idade já pode ser oferecido o jantar. Aos 10 meses, o apetite da criança pode diminuir ou tornar-se instável. Aos 11 meses, suas habilidades motoras estão bastante desenvolvidas. Entre 1 a 2 anos, a criança tem necessidade de tocar os alimentos para explorá-los, sendo natural que ela coma com as mãos.
Não a proíba de se desenvolver, apenas auxilie. Nessa idade torna o ato de se alimentar mais complexo, por estar envolvida com fatores fisiológicos (a identificação de cores, formas, cheiros de cada alimento), psicológicos (os hábitos, os horários certos), sociais e culturais. Na idade pré-escolar, entre 3 a 6 anos, as crianças apresentam a seletividade alimentar, onde impõem suas preferências alimentares. Devemos levar em consideração que nesta idade se estabelecem os hábitos alimentares e a alimentação tem grande influência na saúde na idade adulta. A inapetência é um problema passageiro característico desta idade.
Para evitá-la, deve-se servir pouca comida. Se necessário, por solicitação da criança, repetir; Nesta idade é comum a criança adotar os costumes alimentares dos familiares, sendo importante estimular o consumo de frutas, legumes e verduras e evitar o hábito de ingerir os líquidos durante as refeições, pois assim fará com que a criança se habitue a mastigar os alimentos e a não sobrecarregar o sistema digestório. As crianças em idade escolar, entre 6 a 12 anos, apresentam um grande desafio em termos de educação nutricional.
Para atingir as mudanças ou a educação nutricional, devem ser levados em consideração diversos fatores que influenciam as preferências alimentares, como o envolvimento dos pais, exposição da mídia e modelo alimentar. O aparelho digestório do escolar já está desenvolvido, apresentando características semelhantes ao do adulto. Portanto, um aluno bem alimentado apresenta um melhor aproveitamento escolar, atinge o equilíbrio necessário para o seu crescimento e o desenvolvimento das defesas orgânicas indispensáveis para a manutenção da saúde.
Orientações aos pais e/ou cuidadores para fazer em casa
Refeições
Durante as refeições coloque quantidades pequenas de comida no prato da criança. É preferível repetir do que a criança ficar subjugada pela quantidade de comida que têm de comer. Se possível, a partir dos 6 anos de idade, deixe que a criança se sirva. Mantenha as sobremesas longe da vista da criança até que a refeição tenha chegado ao fim.
Recusas em comer
Muitas crianças atravessam fases em que se recusam a comer determinados alimentos. Isto é particularmente comum em crianças até aos cinco anos de idade, e é um componente normal do crescimento e da independência da criança.
As refeições, quando recusadas, não devem ser substituídas por outros alimentos, como leite ou biscoitos. Pode-se oferecer uma fruta como sobremesa, e se esta também for recusada, deve-se esperar até o próximo horário de refeição. Por exemplo, na recusa do almoço, deve-se esperar até o horário do lanche da tarde, evitando assim que a criança domine o adulto. Os limites são necessários, inclusive na rotina alimentar. Se a criança percebe que a recusa do alimento angústia o adulto e com isso consegue atrair maior atenção, além de ter suas vontades satisfeitas, ela passará a manipulá-lo.
Excesso de Peso
Se a criança estiver a ganhar muito peso, controlar a alimentação em geral e não deixá-la repetir.
Trocas e Chantagens
Como os hábitos alimentares adquiridos na infância são, em parte, os responsáveis pelo tipo de alimentação quando adultos. Se na infância a criança aprende que o doce é uma recompensa, quando adulto, esta associação inconscientemente também ocorrerá, podendo levá-lo a uma compulsão por doces, ou em um momento de ansiedade e stress ter o doce como forma de conforto. A ideia de que a criança só se alimenta bem quando comer muito não é correta, muito mais importante se pensar na qualidade dos alimentos do que só na quantidade dos mesmos. Forçar a criança a comer além do que ela necessita ou consegue comer também pode trazer consequências não muito boas, como a obesidade. Palavras de incentivos sempre tem um melhor resultado. Por isso o parabenize quando comer um alimento novo ou toda a comida do prato.
Não faça das refeições um campo de batalha
A hora da refeição deve ser um momento neutro. Não é hora de opressão, de despejar as tensões. Que seja apenas o momento da alimentação. Quando a criança não aceita no primeiro momento um alimento, não tome isso como uma recusa definitiva. Ofereça outras vezes (8 a 10 vezes), com apresentações diferentes.
Lembre-se: ‘Uma boa alimentação é um processo importante para todas as nossas atividades diárias e não há uma forma mais adequada de educarmos a alimentação da criança do que ela própria entender a sua importância.’
Raquel Vilela Marinho
Nutricionista do CEC – CRN 29930