AVALIAÇÃO: HÁ NOVOS MODELOS QUE PODEMOS UTILIZAR?
Nos últimos séculos a relação entre as pessoas e delas com o mundo vem mudando drasticamente. As necessidades sociais e as demandas de mercado atuam também no contexto educacional, o que acarreta em questionamentos acerca das nossas práticas pedagógicas, seja seu modelo e currículos. No meio desse cenário está também o quesito avaliação.
Hoje é requerido dos profissionais docentes que sejam trabalhados competências e habilidades, pontos esses que são amplamente explorados na nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Ela solicita que cada profissional da educação trabalhe 10 competências com seus alunos:
1- Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos pela humanidade;
2- Exercer a curiosidade intelectual;
3- Usar diferentes linguagens (verbal, corporal, visual, motora, digital);
4- Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais;
5- Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética;
6- Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que auxiliem no entendimento do mundo do trabalho, no projeto de vida e no uso da cidadania;
7- Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis;
8- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional;
9- Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e cooperação;
10- Agir com autonomia e responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação;
Quando olhamos para essas competências refletimos se os instrumentos avaliativos utilizados comumente são capazes de acessar o quanto cada aluno evolui no desenvolvimento desses 10 pontos. Em decorrência disso, a maneira de avaliar os alunos deve mudar. Por que provas sem consulta se a informação está na palma das mãos, no celular? Como avaliar o pensamento crítico com provas de memorização?
Ainda são frequentes as escolas que seguem o padrão institucionalizado do século IX, seguindo um modelo industrial em que os alunos são tratados de maneira padronizada. Cria-se uma situação artificial da nossa realidade. Queremos desenvolver o pensamento crítico, mas provas são centradas na memorização e reprodução de conteúdos entregues pelos professores inseridos em formatos que geram dificuldades e obstáculos e cria-se a crença de que as boas instituições educacionais são aquelas difíceis, que reprovam e deixam de recuperação. É necessário quebrar paradigmas e alguns modelos novos de avaliação parecem promissores na educação do século XXI. Escola boa é aquela que os alunos aprendem e desenvolvem habilidades e competências.
Outro paradigma é a prova individual. Fala-se muito em trabalho em equipe, inclusive essa é uma competência apontada pela nova Base, mas as avaliações ainda são individuais, o que parece um contrassenso.
A autora do texto aponta 6 possibilidades de avaliação sem o uso da nota como critério avaliativo:
1- Autoavaliação: o aluno precisa ter clareza de como se avaliar;
2- Projetos: precisam ser orientados para a realização de um produto final e fatiados em algumas partes: a) planejamento; b) preparação; c) pesquisa; d) construção; e) recondução do rumo; f) produto final;
3- Atividades continuadas: pequenas tarefas colaborativas que geram maior engajamento e aprendizagem;
4- Avaliações por competências: criatividade, comunicação digital, pensamento crítico, empatia, capacidade de negociação, trabalho em equipe;
5- Graduações ao invés de notas;
6- Avaliação via apresentação e resolução de problemas;
Essa é uma das questões mais inquietantes para os educadores. Com os modelos antigos defasados e desgastados, quais são os novos modelos que devemos utilizar?
Por fim mas não menos importante, temos a questão da institucionalização dos instrumentos avaliativos como o Enem e outros vestibulares para universidades de ponta, que geram pressão acadêmica nas escolas desde a educação infantil, não sendo diferente por parte das famílias, que estão acostumados a modelos passados de avaliação.
No entanto o futuro da educação com novas práticas pedagógicas e modelos de avaliação é promissor e animador. Há possibilidade de explorarmos inúmeras possibilidades e alternativas.
Fonte: ALVES, Lucia Rodrigues. Avaliação: há novos modelos que podemos utilizar. Escola Particular, 23(251), fev., 2019