A grosso modo, o que é o ensino híbrido?
O ensino híbrido é aquele que combina metodologias distintas para ensinar, combinando o ensino on-line (da internet, mídias sociais ou qualquer forma virtual) com o off-line (ensino presencial). Para isso, existem diferentes metodologias como “aula invertida”, “aprendizagem por pares, times ou grupos”, “aprendizagem por projetos'', dentre outras, em que as atividades on-line, inerentes a essas técnicas, podem ser mescladas com a atividade presencial do professor.
Fora a parte do planejamento, os professores passaram a se dedicar e implementar plataformas de ensino digital, pesquisar vídeos, blogs, sites, participar de reuniões por videoconferência, responder e-mails dos alunos e até tirar dúvidas pelas mídias digitais, ou seja, uma série de procedimentos que antes eram distantes da realidade escolar.
Longe de ser uma atividade isolada do professor, o ensino híbrido deve estar integrado ao projeto político pedagógico da escola, como parte de um esforço para que haja um efetivo engajamento de todos os envolvidos no processo, desde o aluno até os responsáveis. Trata-se de mudar uma cultura educacional por todos. Sair do ensino tradicional não é algo fácil, mas que teve uma ajuda grande por parte da pandemia que afeta o mundo em 2020 e acelerou esse processo que já vinha acontecendo de forma lenta.
O papel dos pais também continua de suma importância, pois terão que acompanhar o desenvolvimento dos filhos e seu desempenho em algumas atividades on-line e não presenciais. Dessa forma, a relação entre as crianças e seus responsáveis não será apenas o dever de casa de antigamente, e sim a descoberta de novas ferramentas tecnológicas.
O que parece claro é que a inserção do ensino híbrido está associada a uma ideia já defendida pela neurociência: a implementação do ensino personalizado e transformação do aluno em um autêntico construtor do próprio conhecimento. Ao oportunizar a vivência do ensino on-line, em que o aluno é participante ativo do processo, juntamente com metodologias presenciais que enfatizam a solução de problemas e que tem o professor como organizador e orientador, tal ideia fica mais próxima, embora o processo ensino-aprendizagem seja ainda coletivo.
O modelo de rotação e tido como um dos que apresentam ótimos resultados no sentido de personalização, em que alunos podem realizar atividades diferenciadas em estações em sala de aula, alternar uso de laboratórios e a sala tradicional, alternar atividades em sua própria rotina de estudos, em que escolhe propostas relativas às tarefas que deve cumprir, espaços da escola que podem ser utilizados conforme o planejamento do professor.
Por que ele é melhor para o desenvolvimento da criança?
Alguns exemplos de habilidades lógicas desenvolvidas são:
– Resolução de problemas relacionados ao computador e à internet;
– A aprendizagem de forma aprofundada com a utilização de ferramentas, como e-mail, Excel, Office e PowerPoint;
– A aprendizagem de atalhos de teclado;
– Em alguns casos, o conhecimento de conceitos básicos de HTML e programação.
Algumas habilidades socioemocionais desenvolvidas são:
– Habilidades de gestão de tempo e priorização de tarefas;
-Foco, autocontrole e autoconfiança, uma vez que, apesar de ter acesso a diversas informações, a criança precisa se manter focada no que ela deve fazer;
– Criatividade, algo que o universo tecnológico permite e aperfeiçoa;
– Inteligência emocional e social, já que, apesar de a tecnologia estar presente em sala de aula, outras crianças também estão.
Esta conjunção entre os modelos de ensino presencial da escola tradicional e de ensino on-line rebuscados pelas novas tecnologias digitais parece ser o caminho para desenvolvermos maior autonomia e criatividade por parte dos alunos e, ao mesmo tempo, ampliando os horizontes e conhecimento também dos professores rumo a um ensino mais atraente e uma aprendizagem mais eficiente e produtiva. Mas, principalmente, que torne a sala de aula um lugar mais feliz.
Fonte: Revista Escola Particular, edição nº 271, Outubro 2020.
Autor: André Codea (mestre em gestão escolar, professor e autor do livro “Neurodidática – Fundamentos e Princípios”)