Limite é sinal de amor e proteção. A criança a quem tudo é permitido sente-se rejeitada e não amada.
O limite protege a criança do seu próprio mundo interno, pois a criança também tem “instintos” agressivos e destrutivos. Uma criança deixada ao seu bel prazer caminha para a infelicidade.
Quando não se dá limite geralmente a criança pode perder o controle emocional, ter ataques de raiva, crise de birra, desrespeito aos pais e futuramente a toda autoridade, pode até desenvolver distúrbios de conduta. Cabe aos pais estabelecerem limites seguros e amorosos.
O "NASCIMENTO" DO LIMITE
O “limite” nasce antes da criança, ou seja, um casal cujos pais exercem adequadamente seu papel de esposo e esposa e estão profundamente vinculados um com o outro tem maior probabilidade de educarem bem seus filhos.
Quando o bebê nasce ele possui um conjunto de necessidades que precisam ser satisfeitas, como por exemplo, sono, alimentação, cuidados com a saúde, contato afetivo, amor entre outras. Para o bom desenvolvimento físico e emocional dos filhos, os pais devem ser capazes de suprirem essas necessidades, o que nem sempre é fácil.
O bebê recém-nascido é caótico. Seu aparelho psíquico ainda não está formado, portanto, o bebê é movido pelo princípio do prazer, ou seja, pelos seus próprios desejos e desconsidera totalmente a realidade externa.
Cabe aos pais, ao cuidarem fisicamente do bebê, “imprimir” na subjetividade do bebê afeto, amor, acolhimento e aos poucos apresentar o mundo externo ao bebê. Apresentar o mundo externo significa mostrar ao bebê que existe um “Outro”, e aos poucos mostrar que nem sempre seus desejos serão satisfeitos.
A mãe vai colocando limites ao bebê em relação as mamadas, horários de sono e alimentação, ou seja, tentando estabelecer uma rotina.
ALGUNS FATORES PESSOAIS QUE DIFICULTAM O ESTABELECIMENTO DE LIMITES
1- História de vida de cada um dos pais. Tem casais cujas esposas tiveram pais extremamente severos, castradores e autoritários, portanto não querem que seus filhos passem pelo “que ela passou”, portanto querem ser mais liberais. Ao contrário os maridos tiveram pais liberais, ficaram “largados” e querem ser mais rigorosos na educação dos seus próprios filhos.
2- Questões internas. Medo de não serem amados. “Se eu falar não para o meu filho, ele vai me odiar”.
3- Os pais não tiveram uma referência, ou seja, uma imagem positiva, internalizada de “pai”.
DAR LIMITES É…
1-Ensinar que existem outras pessoas com direitos iguais que os da criança e que seus desejos não são maiores nem melhores que os dos outros. É na verdade “tirar” a criança da escravidão dos seus próprios desejos. Nem sempre temos, somos ou fazemos tudo o que desejamos. Esse é o mundo real! O filósofo Arthur Shopenhaeur disse que a grande razão da infelicidade humana é a escravidão à vontade, ao desejo!;
2- Fazer com que a criança veja o mundo com uma conotação social (conviver) e não apenas psicológica (o meu desejo e o meu prazer são as únicas coisas que contam);
3- Dizer “não” sempre que necessário;
4- Ter um conjunto de “regras”, consistentes, coerentes, constantes e claras;
5- Ser disciplinado. A mãe é indisciplinada quando:
a) Desconsidera o ritmo biológico do bebê,
b) Desconsidera o “momento da criança”,
c) Não dá autonomia pra criança quando esta já é capaz de realizar algo sozinha, ou seja quando super protege;
6- Disciplinar sem humilhação;
7- É ANTES DE TUDO SER EXEMPLO. A criança aprende muito mais vendo o “como somos” do que com “o que falamos”. Se o pai dá exemplos que ele próprio não tem limite, dificilmente conseguirá impor limites aos filhos. A criança não nasce “folgada” ela aprende com os pais a ser assim. Que mensagem transmite o pai que ao chegar do serviço, deita no sofá, liga a TV e deixa sua esposa que também trabalhou fora como ele, cuidando do jantar e tentando controlar as crianças?
O pai tem mais condições de estabelecer autoridade para que a disciplina familiar seja mantida, porque a maioria dos homens prefere proteger a mãe a proteger os filhos.
O filho precisa sentir que ele é prioridade na vida dos pais.
8- É estabelecer uma rotina.
Dar limites não é “moldar” a criança a nossa vontade, ou seja, transformar a criança no ideal dos pais. Cada criança tem o seu próprio “jeito” de ser e nada é mais desrespeitoso e traumático do que não a aceitar como ela é.
Dar limites não é ameaçar, e sim é criar uma relação de respeito mútuo.
Dar limites não é bater ou gritar. Este tipo de comportamento pode surtir efeito na hora, mas com o tempo acaba com a autoridade dos pais. Geralmente o pai bate quando há o fracasso do simbólico, ou seja, as palavras não fazem mais efeito, ou como uma “descarga” das suas próprias tensões. Depois os pais se sentem culpados e arrependidos e tendem a “afrouxar” os limites.
E por falar em culpa… por que será que os pais (principalmente as mães) se sentem tão culpados?
Parte da culpa é devido à ausência. Todos nós sabemos que educar é algo que acima de tudo demanda tempo. Os pais gostariam de ficar mais tempo com os filhos, mas não podem pois precisam trabalhar. Desta forma, tentam compensar a ausência sendo permissivos ou dando presentes sem nenhuma razão aparente.
Dar limites não é ser autoritário. Autoritário é aquele que utiliza como referencial somente o seu ponto de vista, sem levar em consideração o outro.